Cancro da mama: sintomas, fatores de risco e tratamento
04/10/2022
Operação às Cataratas: O que precisa Saber
16/05/2022
Tomossíntese - Mamografia em 3D
29/10/2018
A vivência da agressividade nas pessoas com transtornos psiquiátricos: desafios para a relação terapêutica
11/04/2018
O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa
20/03/2018
Dia Mundial do Não Fumador
Estão atualmente bem documentados os efeitos nefastos quer do tabagismo activo, quer do passivo (exposição involuntária do não fumador ao fumo do tabaco de outros), a nível dos vários órgãos do corpo.
Está provado que o consumo de tabaco é responsável por um significativo aumento da mortalidade, quer relacionada com diferentes situações oncológicas (tumores do pulmão, bexiga, laringe, boca, esófago), quer de outras patologias não menos importantes, como doenças cardiovasculares (doença cerebrovascular, doença coronária, doença arterial periférica), patologias respiratórias (DPOC), alterações da fertilidade, etc., sendo por este motivo considerado pela OMS como a principal causa de morte evitável do mundo.
O fumo do cigarro é composto para além da nicotina, por mais de 7000 agentes químicos, grande parte deles constituídos por pesticidas e outros compostos orgânicos e metálicos (monóxido de carbono, DDT, alcatrão, mercúrio, acetona, etc.). Estão ainda presentes vários constituintes radioativos, incluindo o chumbo e o polónio, que têm papel importante no efeito carcinogénico do fumo do cigarro.
A nicotina é extremamente viciante, provocando sintomas de dependência muito semelhantes aos induzidos por substâncias narcóticas como a morfina ou a cocaína.
A ação nociva do tabaco é multisistémica, com atingimento de vários órgãos e sistemas, sendo, com elevado grau de evidência, responsável por patologia não só a nível do aparelho respiratório (agravamento das crises de asma e mau controlo desta situação, doença pulmonar obstrutiva crónica), mas também a outros níveis: aterosclerose, hipertensão arterial, aumento da incidência de doenças vasculares, nomeadamente doença coronária, acidente vascular cerebral, doença arterial periférica, morte súbita, agravamento da retinopatia diabética.
Dado na sua composição estarem presentes substâncias carcinogénicas responsáveis por mutações a nível do DNA celular, é comprovadamente responsável por uma maior incidência de cancro em diferentes órgãos: (pulmão, laringe, cavidade oral, esófago, vias urinárias, colo do útero, cancro rectal …).
A nível do aparelho reprodutor feminino, existe evidência nas fumadoras de diminuição da fertilidade, maior probabilidade de ocorrer aborto espontâneo, prematuridade, baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal. Alguns trabalhos mostram relação entre tabagismo e menopausa precoce.
O conhecimento dos efeitos nocivos do tabagismo, quer activo quer passivo, com repercussão multiorgânica, levou a que este problema deixasse de ser considerado um problema individual, tornando-se uma questão social e um dos maiores problemas de saúde pública.
Por ano morrem milhões de pessoas devido a doenças relacionadas com o tabaco.
As repercussões do fumo a nível da saúde, não são imediatas, existindo um intervalo de tempo longo, cerca de 20 a 40 anos, entre o início do consumo de tabaco e o aparecimento de efeitos negativos a nível da saúde, verificando-se um aumento de mortalidade nas 3 a 4 décadas posteriores.
Devido a este longo tempo de latência, a maioria das doenças relacionadas com o tabaco só são diagnosticadas em fases já avançadas.
Em Portugal, nos anos 60, o tabagismo era um hábito quase exclusivamente masculino, em que somente cerca de 3% das mulheres fumavam. Este perfil alterou-se a partir da década de 80, altura em que este hábito foi-se expandindo progressivamente no sexo feminino; como consequência verificou-se a nível da Europa um grande aumento da mortalidade feminina relacionada com o tabaco.
De tudo isto resulta uma grande necessidade de se encontrarem formas de reduzir o tabagismo. Os métodos que tem mostrado maior eficácia para ajudar os fumadores a deixar de fumar, passam pelo aconselhamento personalizado, se necessário em conjunto com a utilização de fármacos.
No entanto, o impacto mais importante nesta decisão parte do próprio doente, desde que ele esteja verdadeiramente motivado para deixar de fumar.
A constatação deste facto, faz salientar a importância do envolvimento do próprio doente em qualquer plano de cessação personalizado. A avaliação do grau de dependência permite com a ajuda de medicação adequada corrigir ou minorar os sintomas de privação/abstinência (ansiedade, irritabilidade, impaciência).
Em doentes com historia prévia de patologia do foro psiquiátrico é necessário reajuste de medicação ansiolítica, com o apoio do seu psiquiatra.
Em conclusão:
- O tabaco é a principal causa de doença e morte prematura evitável no mundo.
É responsável por:
- Cerca de 20 a 30% de mortes por cancro (pulmão, vias aéreas superiores, bexiga …)
- Doenças respiratórias crónicas (DPOC, enfisema)
- Doenças cérebro vasculares (acidente vascular cerebral),
- Doença coronária, HTA.
- A mortalidade devida ao tabaco é um reflexo de hábitos por vezes iniciados 2 a 3 décadas antes.
- Em doentes ainda não motivados, o papel do médico assistente é de grande importância, ao alertar e informar sobre os riscos inerentes a esta prática.
- Deixar de fumar é a principal causa evitável de diminuição da mortalidade, contribuindo ainda de forma decisiva para uma melhor qualidade de vida.