Consulta do Viajante

A Hepatite A transmite-se por via fecal-oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados, ou por contacto sexual. É comum em destinos com menores condições de higiene. A vacina é altamente recomendada. 

A Hepatite B transmite-se principalmente por via sexual (vaginal, anal e oral) e pelo contacto com sangue contaminado. O risco é maior em situações de partilha de agulhas ou seringas, tatuagens, piercings ou outros procedimentos sem material esterilizado, bem como pela partilha de objetos pessoais que possam conter vestígios de sangue (como lâminas de barbear ou escovas de dentes). A transmissão pela saliva é rara, sendo pouco provável através do beijo, exceto se houver feridas na boca. A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção. 

O poliovírus aloja-se na garganta e nos intestinos e é eliminado pelas fezes e gotículas respiratórias. A transmissão pode ocorrer de pessoa para pessoa, por contacto com fezes contaminadas, pela inalação de gotículas expelidas ao tossir ou espirrar, ou ainda através de água, alimentos e objetos contaminados. Embora esta doença esteja erradicada em muitos países, continua presente em algumas regiões da Ásia e África. Pode causar paralisia irreversível, sendo essencial manter a vacinação em dia. 

Esta doença respiratória grave pode levar a complicações cardíacas e neurológicas. A transmissão pode ocorrer através de gotículas de saliva (espirro ou tosse), feridas e úlceras abertas, ou através do contacto com objetos contaminados (menos frequente). A prevenção é feita através da vacina combinada com tétano em momentos definidos pelo Programa Nacional de Vacinação ao longo da vida.

O tétano transmite-se através de feridas em contacto com a bactéria Clostridium tetani. A bactéria encontra-se no meio ambiente (solo, fezes de animais, esporos) e pode ser mortal. A vacina deve estar atualizada em qualquer idade e é indispensável para viajantes. 

A malária é transmitida por mosquitos em várias regiões tropicais. Não existe uma vacina universal, mas o médico pode prescrever medicação preventiva e recomendar repelentes e redes mosquiteiras durante a consulta do viajante.  

Presente em zonas de África e América do Sul, a transmissão ocorre através da picada do mosquito, com a inoculação do vírus da febre amarela. A vacina é obrigatória em muitos países e protege para toda a vida após uma única dose. 

Transmite-se pela ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes ou urina infetadas. Também pode ocorrer através do contacto direto (mão-boca) ou da partilha de objetos contaminados. A prevenção passa por boas práticas de higiene e saneamento: beber água potável ou engarrafada, cozinhar bem os alimentos, lavar frutas e vegetais, e higienizar as mãos regularmente. A vacina é recomendada para viajantes que se desloquem para zonas endémicas. 

Outra utilidade importante da consulta do viajante é o aconselhamento sobre os medicamentos que os viajantes devem levar consigo – incluindo aqueles que ajudam a prevenir doenças ou tratar pequenos problemas de saúde, que podem surgir durante a viagem. 

A consulta do viajante também oferece informações sobre a assistência médica disponível no destino, risco de acidentes e medidas de segurança. Ter conhecimento sobre o que esperar em termos de cuidados de saúde, como localizar hospitais ou clínicas locais, é essencial para uma viagem sem sobressaltos. Assim, saberá como agir em caso de emergência.

Em consulta também são dadas orientações sobre cuidados a ter com a água e os alimentos, como consumir apenas água engarrafada ou previamente tratada, evitar gelo de origem desconhecida e optar por alimentos bem cozinhados. A fruta deve ser lavada com água potável e, de preferência, descascada antes de ser ingerida. Estes cuidados simples ajudam a prevenir infeções gastrointestinais, como diarreia, hepatite A ou febre tifoide. 

A preparação adequada é ainda mais crucial para grupos mais vulneráveis, como grávidas, crianças, idosos e indivíduos com doenças crónicas, como a diabetes. Determinadas condições clínicas requerem cuidados específicos para garantir uma viagem saudável e segura. 

O primeiro passo é marcar uma consulta do viajante para se preparar adequadamente. Verifique também quais as vacinas necessárias para o seu destino. Além disso, leve consigo o repelente mais adequado para se proteger de mosquitos e outros insetos. Informe-se sobre o clima, os hábitos alimentares e os costumes locais, e tenha sempre atenção à segurança, tanto na estrada como em eventos ou atividades aquáticas. Não se esqueça da proteção contra o sol e o frio, e evite consumir água ou alimentos que possam estar contaminados. Se viajar para áreas onde existe raiva, mantenha-se longe de animais domésticos, selvagens ou em cativeiro. 

Não é obrigatória, mas é altamente recomendada. Fazer a consulta ajuda a prevenir doenças e garantir uma viagem mais segura, especialmente para destinos que apresentam riscos para a saúde.

Sim, é importante consultar um médico antes de viajar, especialmente se estiver grávida. O médico pode fornecer orientações sobre vacinas seguras e cuidados específicos para gestantes.

Não há uma idade mínima específica. A consulta é recomendada para todas as idades. As crianças, especialmente, devem ser avaliadas, pois podem necessitar de vacinas específicas antes de viajar.

Dependendo do seu destino, o médico da consulta do viajante poderá recomendar vacinas específicas, como:
• Febre Amarela 
• Febre tifoide;
• Hepatite A;
• Meningite meningocócica;
• Encefalite japonesa;
• Cólera;
• Dengue.

Informe o médico sobre a sua situação, para que possa recomendar alternativas, como medicamentos preventivos ou medidas adicionais de proteção, dependendo do destino e da vacina em questão.

O ideal é não subir diretamente para grandes altitudes, mas, se for inevitável, faça uma paragem de duas a três noites, a cerca de 2550-3000 metros para reduzir o risco de sintomas, como dor de cabeça, perda de apetite, náuseas, vómitos, insónias e fadiga. Quem já tem alguma condição clínica, como doenças cardíacas, pulmonares ou anemia, deve ser ainda mais cauteloso e procurar aconselhamento médico antes da viagem.

Existem algumas situações em que viajar de avião é desaconselhado por razões de saúde:

• Recém-nascidos com menos de 7 dias (ou mais tempo, se forem prematuros) não devem viajar de avião;
• Grávidas nas últimas 4 semanas de gestação (ou nas últimas 8 semanas, se forem gémeos) e até 7 dias após o parto devem evitar voos.
• Pessoas com angina de peito em repouso ou que tenham tido recentemente um enfarte agudo do miocárdio ou AVC não devem embarcar;
• Indivíduos com doenças infeciosas em fase de contágio, como tuberculose ou sarampo, estão impedidos de voar;
• Pacientes com doenças respiratórias crónicas graves e falta de ar em repouso não devem voar;
• Pessoas com hipertensão arterial descontrolada (pressão máxima superior a 200 mm Hg) também devem evitar viagens de avião.

Para prevenir a diarreia do viajante, é importante adotar alguns cuidados básicos com a alimentação e a hidratação:

• Beba sempre água engarrafada, prefira alimentos que tenham sido bem lavados e mantenha as mãos limpas com frequência;
• Opte por refeições em restaurantes e evite comida ou bebidas vendidas na rua;
• Evite saladas com legumes e frutas crus, bem como molhos que ficam expostos na mesa;
• Se possível, descasque a própria fruta e beba apenas bebidas gaseificadas engarrafadas ou preparadas com água fervida; 
• Certifique-se de que os cubos de gelo foram feitos com água previamente fervida.