Quimioterapia: O que é e como funciona

Descubra o que é a quimioterapia, como combate o cancro e o que esperar do processo.

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o que é a quimioterapia

Todos os anos, Portugal regista cerca de 60 mil novos casos de cancro – uma tendência que se prevê que venha a agravar-se nos próximos tempos. A quimioterapia continua a ser uma das armas mais poderosas contra o cancro, mas nem sempre é totalmente compreendida. Descubra o que é a quimioterapia, como funciona e os cuidados a ter.

 

O que é quimioterapia?

A quimioterapia é um tratamento farmacológico, utilizado para destruir células cancerígenas ou impedir a sua multiplicação. A quimioterapia é, geralmente, administrada em ciclos regulares, com intervalos que podem variar entre 7, 15, 21 ou 28 dias, consoante o protocolo terapêutico. Este tipo de tratamento oncológico pode ser utilizado isoladamente ou em conjunto com outros tratamentos, como cirurgia, radioterapia ou imunoterapia, para maximizar a eficácia.

Embora possa ser um tratamento exigente, continua a ser uma ferramenta essencial em Oncologia, uma vez que permite prolongar a sobrevivência e, em muitos casos, alcançar a cura da doença oncológica.

 

Para que serve a quimioterapia?

A quimioterapia, apesar dos seus potenciais efeitos secundários, apresenta várias vantagens no tratamento da doença oncológica. 

1. Tratamento abrangente  

O facto de a quimioterapia circular por todo o corpo torna-a eficaz para tratar cancros que não estão localizados numa área específica, como é o caso de muitos tipos de cancro metastático.

2. Redução do tamanho do tumor

Quando aplicada antes de uma cirurgia (quimioterapia neoadjuvante), pode reduzir significativamente o tamanho do tumor, o que é importante para facilitar a remoção e o sucesso do procedimento.

3. Prevenção de recidivas

Após a remoção de um tumor, a quimioterapia adjuvante pode ser utilizada para eliminar eventuais células cancerígenas restantes que não são visíveis a olho nu. Isso reduz o risco de o cancro voltar a surgir, especialmente em casos de tumores agressivos.

4. Ação paliativa

Quando a cura não é possível, a quimioterapia pode ajudar a controlar o crescimento do tumor, aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Em situações avançadas, é uma ferramenta importante para prolongar a sobrevivência.

5. Flexibilidade no tratamento

A quimioterapia pode ser usada em combinação com outros tratamentos, como a cirurgia, radioterapia ou terapêuticas-alvo. Esta abordagem multidisciplinar aumenta a probabilidade de sucesso terapêutico e personaliza o tratamento, de acordo com o subtipo de tumor e as necessidades do paciente.

6. Eficácia em diversos tipos de cancro 

A quimioterapia é eficaz no tratamento de uma grande variedade de tipos de cancro, incluindo cancros da mama, da próstata, do pulmão, do cólon, entre outros. Essa versatilidade torna-a numa das opções de tratamento mais amplamente utilizadas.

 

Como funciona a quimioterapia?

A quimioterapia destrói ou danifica as células cancerígenas de forma a impedir a sua multiplicação.

· Agredir o ADN das células: os medicamentos interferem diretamente no ADN das células cancerígenas, para impedir a sua divisão e crescimento. Isto faz com que as células morram ou deixem de proliferar.

· Impedir a divisão celular: alguns medicamentos bloqueiam os mecanismos que as células cancerígenas utilizam para se dividir e multiplicar. Sem a capacidade de se dividir, o tumor deixa de crescer.

· Atacar a formação de novos vasos sanguíneos (angiogénese): alguns tipos de quimioterapia também atacam a formação de novos vasos sanguíneos necessários ao crescimento do tumor, para limitar o seu fornecimento de nutrientes e oxigénio.

Que tipos de quimioterapia existem?

Existem vários tipos de quimioterapia, que são classificados, em Oncologia, pela sua forma de administração e pela sua aplicação terapêutica.

  • Quimioterapia sistémica

  • Quimioterapia intravesical

  • Quimioterapia intratecal

  • Quimioterapia intraperitoneal

  • Quimioterapia adjuvante

  • Quimioterapia neoadjuvante

  • Quimioterapia paliativa

Quais as limitações da quimioterapia? 

Embora a quimioterapia seja uma estratégia importante no tratamento da doença oncológica, apresenta algumas limitações.

1. Efeitos secundários

A quimioterapia não distingue entre células cancerígenas e células saudáveis. Por isso, também ataca células normais que se encontram em divisão celular, como as do folículo piloso, do trato gastrointestinal e da medula óssea. Esta ação sobre tecidos saudáveis está na origem de efeitos secundários como queda de cabelo, náuseas, fadiga e imunossupressão, que podem ter um impacto na qualidade de vida dos doentes. Contudo, é importante lembrar que os efeitos secundários da quimioterapia variam de tratamento para tratamento e podem manifestar-se de forma diferente em cada pessoa. O mesmo procedimento pode provocar reações distintas ou com intensidades variadas, consoante o organismo de cada paciente.

2. Resistência ao tratamento

Em alguns casos, as células cancerígenas podem desenvolver resistência à quimioterapia, tornando os medicamentos menos eficazes. Isto ocorre quando as células sofrem mutações, quando se habituam e se adaptam aos efeitos dos tratamentos. Nessas situações, o sucesso da quimioterapia é comprometido e, na maioria das vezes, é necessário mudar para outro tratamento com um mecanismo de ação diferente, capaz de contornar essa resistência.

3. Impacto no sistema imunitário

A quimioterapia pode enfraquecer o sistema imunitário ao afetar a medula óssea, onde são produzidas as células sanguíneas. Este efeito pode diminuir a produção de glóbulos brancos, que são fundamentais para as defesas do organismo. Como resultado, o corpo fica mais vulnerável a infeções e pode ser necessário adotar cuidados adicionais para proteger o paciente.

4. Limitações em alguns tipos de cancro

Embora seja eficaz em muitos tipos de cancro, a quimioterapia não funciona da mesma forma para todos os pacientes ou para todos os tipos de tumores. Alguns tipos de cancro podem ser mais resistentes ao tratamento e a quimioterapia pode não ser o tratamento preferencial em certos tumores.

5. Necessidade de abordagens terapêuticas combinadas

Na maioria dos casos, a quimioterapia não é suficiente por si só. É, frequentemente, necessária a sua integração com outras estratégias terapêuticas, como a cirurgia, a radioterapia, a imunoterapia ou as terapêuticas-alvo, para melhorar os resultados. Esta abordagem combinada pode tornar o tratamento mais complexo e, por vezes, mais agressivo, exigindo um acompanhamento multidisciplinar do paciente, ao longo de todos tratamentos.

6. Perda de fertilidade

A quimioterapia, ao interferir com células em divisão rápida, pode afetar os órgãos reprodutivos e comprometer a fertilidade. Em mulheres, pode provocar menopausa precoce, e, em homens, pode reduzir a produção de espermatozoides. Por isso, nos doentes em idade fértil, a preservação da fertilidade deve ser discutida antes do início do tratamento.

7. Recuperação lenta

A recuperação, após a quimioterapia, pode ser um processo progressivo e variável de pessoa para pessoa. Para além dos efeitos secundários imediatos, podem ocorrer alterações na energia, no bem-estar geral ou em algumas funções do organismo. Por isso, é importante um acompanhamento médico regular, que permita detetar e gerir eventuais efeitos tardios e apoiar uma recuperação saudável e eficaz.

 

Como é feita a quimioterapia?

A quimioterapia é administrada através de diferentes vias, dependendo do tipo de cancro, do estado de saúde do paciente e da abordagem selecionada pelo médico.

1. Via intravenosa

A forma mais comum de administração de quimioterapia é a intravenosa, geralmente através de uma veia no braço ou na mão. Em muitos casos, especialmente quando o tratamento é prolongado, pode ser utilizado um cateter com reservatório subcutâneo (como o Implantofix), que facilita o acesso venoso e reduz o desconforto associado a punções repetidas. Os medicamentos são administrados diretamente na corrente sanguínea. Este procedimento deve ser realizado em ambiente hospitalar ou em clínicas especializadas, com sessões que podem durar várias horas, consoante o protocolo terapêutico prescrito.

2. Comprimidos ou cápsulas (via oral)

Alguns medicamentos podem ser tomados por via oral, em forma de comprimidos ou cápsulas. Este método é mais cómodo, uma vez que o paciente pode fazer o tratamento em casa. Contudo, a eficácia da quimioterapia oral depende da adesão rigorosa à toma da medicação, nos horários e doses indicados.

3. Injeções (intramuscular ou subcutânea)

Em alguns casos, os tratamentos oncológicos podem ser administrados por injeção diretamente no músculo (via intramuscular) ou sob a pele (via subcutânea). Estas formas de administração são geralmente mais rápidas e apresentam menor risco de reações durante o procedimento.

4. Administração local

Em alguns tipos de cancro, os medicamentos podem ser administrados diretamente na área afetada. Este método é conhecido como quimioterapia local e pode ser feito por injeção no tumor ou por uma técnica específica, como a quimioterapia intratecal (no espaço ao redor da medula espinal), intraperitoneal (na cavidade abdominal) ou intravesical (na bexiga). Este método permite uma maior concentração de medicamentos na área do tumor, o que ajuda a reduzir os efeitos no resto do corpo.

5. Cateter ou implantofix

Para doentes que necessitam de tratamentos contínuos ou frequentes, pode ser implantado um dispositivo chamado cateter venoso central implantado, também conhecido como Implantofix. Este dispositivo é colocado sob a pele, geralmente na região do peito, e permite a administração dos medicamentos diretamente na veia, evitando punções repetidas e proporcionando maior conforto e segurança ao longo do tratamento.

6. Perfusão contínua

Alguns pacientes podem necessitar de quimioterapia contínua através de um dispositivo de infusão. Este dispositivo fornece uma dose constante de medicamentos durante um período prolongado e pode ser usado em casa ou no hospital. A perfusão contínua é útil em tratamentos que requerem dosagens pequenas, mas constantes, ao longo do tempo.

 

Cuidados a ter no processo de quimioterapia 

Existem alguns cuidados a ter durante a quimioterapia para garantir que o tratamento é o mais eficaz possível, para minimizar os efeitos secundários e para ajudar na recuperação do paciente.

1. Monitorização dos efeitos secundários

A quimioterapia pode originar uma série de efeitos secundários, como infeções, náuseas, cansaço extremo, perda de cabelo e problemas digestivos. É importante que o paciente seja acompanhado de perto para detetar quaisquer reações adversas precoces e, assim, ajustar o tratamento ou administrar medicamentos de apoio.

2. Hidratação adequada

A quimioterapia pode desidratar o corpo, especialmente quando causa diarreia ou vómitos. Manter uma boa hidratação é crucial para ajudar a eliminar as toxinas do corpo e a manter os órgãos a funcionar adequadamente. Beber muita água e ingerir alimentos ricos em líquidos, como sopas, pode ajudar a manter o equilíbrio.

3. Alimentação equilibrada

Manter uma alimentação equilibrada, rica em proteínas, vitaminas e minerais, é essencial para ajudar o organismo a tolerar melhor os efeitos da quimioterapia e a recuperar mais rapidamente. Sempre que possível, devem ser privilegiados alimentos nutritivos e de fácil digestão. Em caso de sintomas gastrointestinais, como náuseas, azia ou mucosite, é aconselhável evitar alimentos irritantes, como os muito condimentados, ácidos ou excessivamente gordurosos.

4. Evitar substâncias tóxicas

Durante a quimioterapia, é importante evitar o consumo de substâncias como álcool, tabaco e drogas recreativas, que podem interferir com o tratamento e agravar os efeitos secundários. Além disso, certos medicamentos, suplementos e até alimentos aparentemente inofensivos podem interferir na eficácia da quimioterapia. Exemplos incluem o chá de hipericão (erva-de-São-João), que pode alterar o metabolismo de alguns fármacos, e a toranja, que pode interferir com a absorção de medicamentos. Por isso, qualquer medicação ou suplemento deve ser sempre discutido previamente com a equipa médica.

5. Proteção contra infeções

A quimioterapia pode enfraquecer temporariamente o sistema imunitário, tornando o organismo mais vulnerável a infeções. Para reduzir esse risco, é importante adotar algumas medidas simples no dia a dia, como lavar as mãos com frequência, especialmente antes das refeições e após estar em locais públicos, evitar o contacto próximo com pessoas doentes, ter atenção especial a pequenos cortes ou feridas, mantendo-os limpos e protegidos, e evitar, sempre que possível, ambientes muito cheios ou com pouca ventilação. Em alguns casos, o médico pode recomendar vacinas ou tratamentos preventivos, como fatores de crescimento ou antibióticos, consoante o tipo de quimioterapia e o estado geral do doente. Estas medidas ajudam a prevenir complicações e a manter o tratamento em curso com maior segurança.

6. Cuidados com a pele e cabelos

A queda de cabelo é um dos efeitos secundários mais visíveis da quimioterapia e, embora seja geralmente temporária, pode ser emocionalmente difícil para muitos doentes. Usar lenços, chapéus ou perucas são estratégias que ajudam a lidar com esta fase e a manter o conforto e a autoestima. Paralelamente, a pele pode tornar-se mais sensível, seca ou reativa durante o tratamento. É recomendável utilizar produtos de higiene e hidratação suaves, hipoalergénicos e sem fragrância, e evitar a exposição prolongada ao sol, recorrendo a protetores solares adequados.

7. Repouso adequado

O cansaço extremo é um dos efeitos mais frequentes da quimioterapia. Descansar é essencial para permitir que o corpo recupere e se adapte aos efeitos do tratamento, especialmente nos dias imediatamente após cada sessão. No entanto, sabe-se hoje que a prática de atividade física leve a moderada, sempre ajustada à condição de cada pessoa, pode ajudar a reduzir a fadiga, melhorar o humor, manter a força muscular e promover uma recuperação mais eficaz. O mais importante é ouvir o corpo, encontrar um equilíbrio entre o repouso e o movimento, e adaptar o ritmo diário às necessidades do momento. Caminhadas, alongamentos ou exercícios supervisionados podem ser benéficos, desde que haja orientação médica e seja respeitado o estado geral do paciente

8. Acompanhamento médico regular

Durante o tratamento, o paciente deve manter consultas regulares com o oncologista para avaliar a tolerância à quimioterapia, realizar exames de monitorização e ajustar o plano de tratamento, caso necessário.

9. Gerir o stress e a ansiedade

A quimioterapia pode ser emocionalmente desgastante e é comum que os pacientes sintam ansiedade ou medo ao longo do tratamento. Técnicas de relaxamento, como meditação, yoga ou psicoterapia, podem ajudar a reduzir o stress e a melhorar o bem-estar emocional durante este período difícil.

10. Manter uma rede de apoio

Ter o apoio de familiares, amigos ou grupos de apoio é fundamental durante a quimioterapia. A presença de pessoas queridas pode ajudar a melhorar o estado emocional do paciente e a lidar melhor com os desafios do tratamento.

Joaquim Chaves Saúde, na linha da frente da quimioterapia

A quimioterapia é um passo essencial na luta contra o cancro. Com o acompanhamento certo, pode enfrentar este desafio com confiança, sabendo que tem ao seu lado uma equipa médica experiente, tratamentos inovadores e um plano adaptado às suas necessidades. Na Joaquim Chaves Saúde, acreditamos que cada paciente merece um tratamento personalizado, eficaz e humanizado. Por isso, contamos com unidades especializadas, como a Clínica Cirúrgica de Carcavelos, equipada para a realização de tratamentos de quimioterapia, garantindo conforto, segurança e acompanhamento próximo em todas as fases do processo.  Desde o primeiro contacto, garantimos um acompanhamento próximo e transparente, esclarecendo todas as dúvidas e adaptando cada fase do processo às suas condições e objetivos. O nosso compromisso é proporcionar os melhores cuidados médicos e também apoio emocional e bem-estar durante todo o tratamento. Connosco, a sua saúde está em mãos seguras. Contacte-nos hoje e conte com a Joaquim Chaves Saúde para ter o apoio que precisa numa das fases mais desafiantes da vida.

Equipa clínica

Temos uma equipa de médicos e profissionais de saúde, especialista em diversas áreas, disponível para lhe dar o acompanhamento de que necessita.

Francisco Paralta Branco
Médico-coordenador
Francisco Paralta Branco
Especialidade/Serviço
Oncologia
Principais áreas de diferenciação
Cancro da mama , Cancro da próstata , Cancro do rim , Cancro da bexiga , Cancro do testículo , Melanoma
Unidades de Saúde
Clínica Cirúrgica de Carcavelos, Clínica de Miraflores
Lígia Costa
Médico
Lígia Costa
Especialidade/Serviço
Oncologia
Principais áreas de diferenciação
Carcinoma esofagogástrico, GIST, Carcinoma colorretal, Carcinomas genito-urinários, Carcinoma da mama, Tumores neuroendócrinos, Carcinoma da cabeça e pescoço, Tinomas; cancro do pulmão
Unidades de Saúde
Clínica de Cascais

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