Quase 2% da população mundial sofre de queda de cabelo e, em Portugal, estima-se que atinja até 20 mil pessoas. Apesar de ser relativamente comum, muitas pessoas têm dúvidas sobre as causas e tratamentos disponíveis. Descubra tudo o que precisa de saber sobre a queda de cabelo.
O que é a queda de cabelo?
A queda de cabelo, também conhecida como alopecia, ocorre quando o cabelo cai de forma excessiva. Embora seja normal perdermos alguns fios de cabelo todos os dias – cerca de 50 a 100 fios – é natural que surjam dúvidas e preocupações quando o cabelo começa a aparecer na escova, no ralo do chuveiro ou até na almofada em maiores quantidades.
A perda de cabelo pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade ou género, e pode ocorrer em diferentes áreas do couro cabeludo. Embora não seja um problema de saúde grave, pode ter um impacto considerável na autoestima. Para muitos, o cabelo é uma parte importante da identidade, e vê-lo a cair pode ser uma experiência difícil.
Que tipos de queda de cabelo existem?
Existem vários tipos de queda de cabelo, que se distinguem pela forma como ocorre.
Alopecia androgenética
Este é o tipo mais comum de queda de cabelo. A alopecia androgenética resulta de uma combinação de fatores genéticos e hormonais, onde o cabelo começa a ficar progressivamente mais fino, sobretudo na zona do topo da cabeça e nas entradas. Embora seja mais frequente nos homens, as mulheres também podem sofrer deste tipo de queda de cabelo.
Eflúvio telógeno
Este tipo de queda de cabelo é frequentemente desencadeado por situações de stress físico ou emocional, como uma cirurgia, uma doença grave ou até mesmo o pós-parto. Ao contrário da alopecia androgenética, que é gradual, o eflúvio telógeno pode surgir de forma relativamente súbita, com uma perda de cabelo mais difusa e temporária. O cabelo tende a cair em grandes quantidades, mas não em áreas específicas. A boa notícia é que, na maioria dos casos, volta a crescer naturalmente quando a causa subjacente é resolvida.
Queda de cabelo autoinduzida (Tricotilomania)
Este tipo de alopecia é provocado pelo comportamento da própria pessoa. A tricotilomania é uma perturbação psicológica em que a pessoa sente uma necessidade compulsiva de puxar os próprios cabelos, provocando calvície. Este comportamento pode ser desencadeado por ansiedade, stress ou outras condições psicológicas, e o tratamento muitas vezes envolve terapia comportamental para ajudar a pessoa a controlar o impulso de puxar o cabelo.
Alopecia areata
Esta é uma forma menos comum e mais imprevisível de queda de cabelo, que resulta de uma resposta autoimune do organismo. O próprio sistema imunitário ataca os folículos capilares, o que gera áreas de calvície arredondadas ou ovais no couro cabeludo ou em outras partes do corpo.
Alopecia totalis
Esta forma de alopecia é uma progressão da alopecia areata, onde a perda de cabelo não se limita a pequenas áreas, mas sim ao couro cabeludo inteiro. A alopecia totalis resulta na perda completa de todo o cabelo, deixando a pessoa completamente calva.
Alopecia universalis
Este é o tipo mais extremo de alopecia, onde a perda de cabelo se estende para além do couro cabeludo e abrange todo o corpo. Na alopecia universalis, desaparecem também outros pelos corporais, como sobrancelhas, pestanas, barba e pelos em outras áreas do corpo. Tal como na alopecia areata e na alopecia totalis, este tipo de alopecia é uma condição autoimune, e a perda de cabelo pode ser completa e permanente.
Quais as causas da queda de cabelo?
A queda de cabelo pode ser provocada por várias causas, e muitas vezes há mais do que um fator envolvido.
Genética
A genética é, sem dúvida, uma das principais causas da queda de cabelo. Se há um historial de calvície na família, é provável que a predisposição para a alopecia androgenética também esteja presente.
Alterações hormonais
As hormonas têm um papel fundamental no crescimento do cabelo. Mudanças nos níveis hormonais, como as que ocorrem durante a gravidez, menopausa ou devido a problemas da tiroide, podem desencadear a queda de cabelo. Por exemplo, muitas mulheres notam uma queda acentuada de cabelo após o parto, quando os níveis hormonais estão a voltar ao normal.
Stress
Situações de grande stress, como uma cirurgia, uma doença grave ou até um evento emocionalmente desafiante, podem provocar uma queda significativa de cabelo. Tende a ser temporária, mas pode ser bastante alarmante enquanto dura.
Défices nutricionais
Se o corpo não estiver a receber os nutrientes de que precisa, como ferro, zinco, biotina ou vitaminas do complexo B, o cabelo pode começar a enfraquecer e a cair. Uma alimentação desequilibrada ou problemas de absorção de nutrientes podem ser causas diretas de queda de cabelo. Para além disso, dietas demasiado restritivas ou uma perda de peso rápida podem também desencadear a queda de cabelo.
Doenças autoimunes
Em alguns casos, o sistema imunitário pode interpretar os folículos capilares com invasores estranhos e atacá-los, levando à queda de cabelo. Algumas doenças autoimunes, como o lúpus, podem causar queda de cabelo.
Medicamentos
Alguns medicamentos têm como efeito secundário a queda de cabelo. Tratamentos como a quimioterapia, utilizados no combate ao cancro, podem provocar perda de cabelo temporária, mas outros medicamentos, como os utilizados para a hipertensão, depressão, ou até para problemas cardíacos, podem também afetar o crescimento do cabelo. Se a queda de cabelo começar após iniciar um novo medicamento, é importante falar com o médico para avaliar se pode estar relacionado.
Procedimentos estéticos agressivos
O uso frequente de químicos fortes, como os presentes em tintas, alisamentos e permanentes, pode enfraquecer o cabelo e levar à sua queda. Além disso, o uso excessivo de aparelhos de calor, como secadores, placas ou modeladores, também pode danificar o cabelo. Mesmo penteados muito apertados, como rabos de cavalo ou tranças, podem contribuir para a queda de cabelo se forem usados com demasiada frequência.
Quais são os sintomas da queda de cabelo?
Para além do sintoma mais evidente – a queda de cabelo – há outros que também podem estar presentes.
Cabelo mais fino
Um dos primeiros sinais de que algo não pode não estar bem é o cabelo ficar gradualmente mais fino. Pode passar despercebido no início. Nos homens, começa habitualmente nas entradas ou no topo da cabeça e, nas mulheres, em todo o couro cabeludo, especialmente no centro.
Zonas de calvície localizadas
Outro sintoma que pode surgir é o aparecimento de áreas de calvície localizadas, vulgarmente conhecidas como "peladas". Estas zonas, geralmente pequenas e circulares, são características da alopecia areata. Subitamente, poderá notar uma ou várias áreas sem cabelo no couro cabeludo, barba, sobrancelhas, ou outras partes do corpo.
Perda de cabelo súbita
Em alguns casos, a queda de cabelo pode ocorrer de forma repentina e em grande quantidade. É comum ficarem grandes quantidades de cabelo na mão, na escova ou no ralo do chuveiro.
Cabelo enfraquecido e quebradiço
Este é um sintoma menos óbvio, mas igualmente importante. Quando o cabelo começa a perder força e a quebrar facilmente, mesmo antes de alcançar o comprimento habitual, ou a tornar-se mais áspero, seco, pode ser um sinal de que algo está a afetar a saúde capilar e que pode começar a cair em breve.
Comichão ou irritação no couro cabeludo
Embora a queda de cabelo em si não cause desconforto físico, algumas pessoas podem sentir comichão ou irritação no couro cabeludo antes de repararem que o cabelo está a cair.
Tratamento para a queda de cabelo
O tratamento para a queda de cabelo depende da causa subjacente e do tipo de alopecia em questão. É importante lembrar que nem todos os tratamentos são adequados para todos os tipos de queda de cabelo. É fundamental consultar um dermatologista para determinar o tratamento mais eficaz para o seu caso particular. Muitas vezes, a combinação de várias abordagens pode proporcionar os melhores resultados.
Medicação tópica (aplicação local)
Um dos tratamentos mais comuns para a queda de cabelo é o uso de medicamentos tópicos, como o minoxidil, aplicados diretamente no couro cabeludo.
Medicação oral
Existem também medicamentos orais que podem ajudar a combater a queda de cabelo, especialmente quando esta está relacionada com alterações hormonais. A finasterida é um exemplo de medicação que reduz a produção de uma hormona responsável pela miniaturização dos folículos capilares.
Laser capilar
Outra opção terapêutica é o laser de baixa intensidade, que estimula os folículos capilares e promove o crescimento do cabelo. É uma opção não invasiva e indolor. Os resultados não são garantidos, mas pode melhorar a densidade e espessura do cabelo depois de algumas sessões regulares.
Microneedling
O microneedling é um procedimento que cria microperfurações na superfície do couro cabeludo. Estas lesões controladas na pele estimulam o processo de reparação, aumentam a produção de colagénio e libertam fatores de crescimento que podem regenerar os folículos capilares e promover o crescimento de cabelo novo.
Embora possa parecer um pouco intimidante, é bem tolerado e pode ser eficaz, sobretudo quando combinado com a aplicação de minoxidil, já que o microneedling aumenta a penetração e a eficácia deste produto no couro cabeludo.
Transplante capilar
Este tratamento pode ser indicado para quem procura uma solução mais permanente. O procedimento envolve a remoção de folículos capilares de uma área doadora (geralmente a parte de trás da cabeça, onde o cabelo é mais resistente à queda) e o seu transplante para as áreas calvas. Os resultados podem ser muito naturais, e o cabelo transplantado continua a crescer normalmente ao longo do tempo.
Como prevenir a queda de cabelo?
Prevenir a queda de cabelo pode ser um desafio, uma vez nem todas as causas são completamente evitáveis. No entanto, existem várias estratégias e hábitos que podem ajudar a manter o cabelo saudável e reduzir o risco de perda excessiva.
Mantenha uma boa higiene do cabelo
A sujidade pode obstruir os folículos capilares e afetar o crescimento saudável do cabelo. Lave o cabelo regularmente com um shampoo adequado e evite usar produtos de styling em excesso que possam acumular-se no couro cabeludo.
Cuide do couro cabeludo
Evite lavar o cabelo com água muito quente, pois pode secar e danificar o couro cabeludo. Massagens suaves no couro cabeludo durante o banho podem ajudar a melhorar a circulação e estimular os folículos capilares.
Evite produtos químicos agressivos
O uso frequente de produtos químicos, como tintas e permanentes, pode enfraquecer o cabelo. Sempre que possível, opte por produtos menos agressivos e evite mudanças drásticas na cor ou na textura do cabelo. Se precisar de usar produtos químicos, tente espaçar as aplicações para que o cabelo tenha tempo de recuperar.
Proteja o cabelo do calor
Sempre que possível, deixe o cabelo secar ao ar livre. Quando usar secadores, use temperaturas mais baixas e mantenha-os a uma distância segura do cabelo. É também útil aplicar um protetor térmico para minimizar os estragos.
Penteie o cabelo com cuidado
Use um pente de dentes largos para escovar o cabelo molhado, dado que é mais propenso a quebrar quando está húmido. Evite penteados muito apertados, como rabos de cavalo ou tranças, que podem provocar tração e levar à queda de cabelo.
Consulte um dermatologista regularmente
Manter consultas regulares com um dermatologista pode ajudar a identificar problemas capilares antes que se tornem graves. Se notar qualquer mudança no padrão de crescimento do cabelo ou sinais de queda excessiva, procurar ajuda médica cedo pode facilitar o diagnóstico e o tratamento.