Demência: causas, sintomas e tratamento

Procura saber mais sobre a demência? Saiba o que é, sintomas e tratamentos desta doença que afeta principalmente a memória.

O que é a demência?

A demência é definida como uma síndrome caracterizada pela deterioração cognitiva e/ou comportamental, contínua e progressiva, cujos sintomas interferem nas atividades de vida diárias, levando a um prejuízo funcional em relação a níveis prévios. Afeta, habitualmente, vários domínios, como a memória, a linguagem, o pensamento, a personalidade, com um impacto relevante no grau de autonomia dos doentes.

A demência tem impactos físicos, psicológicos, sociais e económicos, não só para doentes, mas também para os seus cuidadores, famílias e sociedade em geral, sendo umas das principais causas de incapacidade em idosos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, atualmente, existem mais de 55 milhões de pessoas com demência, sendo que a cada ano são registados cerca de 10 milhões de novos casos. Estima-se que, em 2050, este número possa triplicar. Além disso, a demência é, hoje em dia, a sétima causa de morte em todo o mundo e uma das maiores causas de incapacidade e dependência em pessoas idosas.

Atualmente, não existe cura para as demências, mas algumas intervenções farmacológicas e não farmacológicas podem contribuir para a atenuação dos sintomas, atrasar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida.


Que tipos de demência existem?

Existem diferentes tipos de demência, que variam de acordo com as suas causas, sendo raras aquelas que se podem tratar ou prevenir eficazmente. Contudo, alguns hábitos de vida saudáveis atrasam o surgimento dos sintomas.
Segundo a literatura, existem fatores que podem contribuir para um aumento do risco de desenvolvimento de quadros demenciais, ao longo do tempo, como a inatividade física, o síndrome metabólico (hipertensão arterial, diabetes, obesidade, dislipidemia), o consumo de substâncias, o envelhecimento e fatores sociais.

A incidência e a prevalência da demência variam de acordo com a faixa etária, sendo a idade média de aparecimento os 65 anos, surgindo sintomas de forma mais precoce em alguns subtipos, como na demência frontotemporal e em quadros rapidamente progressivos.Destacam-se como subtipos mais comuns de quadros demenciais:

1. Doença de Alzheimer
Este é o tipo de demência mais comum, representando cerca de 50 a 70% dos casos de demência registados. Caracteriza-se pela perda insidiosa e progressiva de células cerebrais, ao longo do tempo. A doença de Alzheimer afeta principalmente a memória, mas também outras funções cognitivas.

2. Demência vascular
A demência vascular é apontada, segundo um estudo recente, desenvolvido pela Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit), do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), como o subtipo de demência mais prevalente em Portugal, ao contrário do que acontece na maioria dos países da Europa Ocidental. É provocada por um fluxo sanguíneo cerebral anormal, como resultado, por exemplo, de um acidente vascular cerebral (AVC) ou pequenos derrames silenciosos. Por este motivo, a demência vascular pode ter um início mais súbito do que a doença de Alzheimer e progressão por patamares. Os sintomas podem variar, dependendo da área cerebral afetada, mas incluem, habitualmente, dificuldades na linguagem, no planeamento e na tomada de decisões.

3. Demência com Corpos de Lewy
Este tipo de demência caracteriza-se pela presença de corpos de Lewy, que são depósitos anormais de proteína a nível cerebral, e que prejudicam a função normal das células cerebrais. Os sintomas mais relatados incluem alucinações visuais, flutuações no estado de consciência e atenção, rigidez muscular, tremores e problemas de equilíbrio.

4. Demência Frontotemporal
Este tipo de demência afeta principalmente as regiões frontal e temporal do cérebro, o que provoca sintomas que incluem mudanças na personalidade, comportamento social inadequado, falta de empatia e dificuldade na expressão pessoal e compreensão da linguagem. Neste caso, a memória a curto prazo é relativamente preservada nas fases iniciais.

5. Demência Associada à Doença de Parkinson
Algumas pessoas com doença de Parkinson desenvolvem sintomas de demência, ao longo do tempo. A doença de Parkinson é uma doença neurológica progressiva, que afeta o controlo do movimento e que pode estar associada a outros sintomas, como tremores, rigidez muscular e dificuldade de locomoção. À medida que a doença de Parkinson progride, algumas pessoas podem desenvolver sintomas de demência.

O que causa a demência?

Existem vários fatores que podem conduzir à demência, sendo que nem todos podem ser alterados.
Fatores de risco para a demência que não podem ser alterados. Estes são alguns dos fatores nos quais não é possível intervir:

Idade - O risco de demência aumenta à medida que o paciente envelhece, especialmente após os 65 anos. Contudo, a demência não é uma inevitabilidade do envelhecimento. Muitas pessoas idosas não sofrem desta doença, além de que a demência pode ocorrer em pessoas mais jovens.

Hereditariedade - Pessoas que têm parentes de primeiro grau (como pais ou irmãos) com demência têm um risco ligeiramente maior de desenvolver a doença, em comparação com aquelas sem histórico familiar.

Síndrome de Down - A maioria das pessoas com síndrome de Down desenvolve características neuropatológicas da doença de Alzheimer, à medida que envelhecem.


Fatores de risco para a Demência que podem ser alterados
Estes são os fatores que podem ser modificados, no sentido de reduzir o risco de desenvolver uma patologia demencial:

Consumo excessivo de álcool -  O consumo excessivo e crónico de álcool é considerado um fator de risco para desenvolver demência. A neurotoxicidade do álcool pode provocar danos nas células cerebrais e até morte celular, além de interferir na absorção de nutrientes essenciais para a saúde do cérebro.

Fatores cardiovasculares - Existem alguns fatores cardiovasculares que estão associados ao aumento do risco de demência, especialmente do tipo vascular. É o caso da hipertensão arterial, colesterol elevado, diabetes, obesidade e tabagismo, que reduzem o fluxo sanguíneo para o cérebro.

Baixo nível de educação - A baixa escolaridade pode contribuir para o desenvolvimento de demência na velhice, sendo que o impacto se manifesta, sobretudo, na menor reserva cognitiva. A estimulação cognitiva é fundamental para a manutenção da capacidade cognitiva geral e, assim, de diminuição de risco de demência.

Isolamento social - O risco de demência é superior em pessoas que vivem mais tempo sozinhas. A socialização é um fator protetor, sendo que a facilitação de encontros e discussão de temas em grupo associa-se a um aumento no volume do cérebro e a uma maior reserva cognitiva.


Quais são os sintomas de demência?

Os sintomas de demência podem variar dependendo do tipo específico de demência e da área cerebral afetada. No entanto, existem alguns sintomas gerais comuns, que podem ocorrer em vários tipos de demência, que agravam à medida que a doença progride.

1. Perda de memória
A perda de memória é um dos principais e mais percetíveis sintomas de demência, especialmente na doença de Alzheimer. Com o tempo, pode prejudicar significativamente a vida do paciente. A pessoa pode esquecer-se de eventos recentes ou passados, nomes de pessoas conhecidas, compromissos, entre outras informações do quotidiano.

2. Dificuldades cognitivas
Tarefas que antes eram familiares e simples, como cozinhar, tomar banho, gerir dinheiro ou seguir instruções, podem ficar severamente comprometidas. Os pacientes podem ter dificuldade em concentrar-se numa tarefa ou em manter a atenção durante períodos prolongados. Podem, também, não conseguir encontrar palavras adequadas para se expressar ou não entender o discurso dos outros. As dificuldades cognitivas associadas à demência tendem a piorar progressivamente com o tempo, afetando cada vez mais a independência e a qualidade de vida.

3. Desorientação
As pessoas com demência podem ficar desorientadas. Podem ter dificuldade em reconhecer a data atual, o dia da semana, o mês ou a estação do ano, sendo comum perder a noção do tempo. Além disso, podem também ter dificuldade em reconhecer o ambiente ao redor e em orientar-se em relação ao local em que estão. Em muitos casos, não reconhecem familiares ou amigos próximos, confundindo-os com outras pessoas ou acreditando que não os conhecem. Estes vários tipos de desorientação podem causar ansiedade e confusão para a pessoa com demência, bem como para os seus cuidadores e familiares.

4. Mudanças comportamentais e de personalidade
À medida que a demência progride, as alterações na função cerebral podem afetar a maneira como a pessoa se comporta e como expressa as suas emoções. Estas alterações podem ser especialmente desafiantes, quer para o paciente, quer para os familiares e cuidadores. As mudanças mais comuns incluem apatia, agitação, irritabilidade, ansiedade, depressão, comportamento inadequado ou repetitivo.

Como é feito o diagnóstico de Demência?

O diagnóstico de demência envolve uma avaliação clínica abrangente, que inclui:

1. Observação clínica
O médico irá recolher a história clínica do paciente e informações prestadas pelos familiares, de forma a conhecer os sinais e sintomas, a sua evolução ao longo do tempo e impacto dos mesmos no funcionamento diário, bem como fatores de risco ou eventos que possam mimetizar, agravar ou estar associados ao desenvolvimento de quadros demenciais.

2. Exames físicos, neurológicos, laboratoriais e neuropsicológicos
Após a anamnese sistematizada e exame objetivo do paciente, pode ser necessário realizar exames complementares de diagnóstico, como avaliação laboratorial, exames de neuroimagem (tomografia computorizada ou ressonância magnética crânio-encefálicas) e avaliação neuropsicológica (realizada por neuropsicólogo, que consiste na aplicação de testes especializados para avaliar a função cognitiva do paciente, incluindo memória, linguagem, competências de raciocínio, atenção e aptidão visuoespacial). Esta avaliação complementar tem como objetivo a formulação de um diagnóstico final, avaliar a causa subjacente ao quadro clínico e excluir eventuais alterações potencialmente reversíveis.

Em que consiste o tratamento de demência?

A demência é uma doença degenerativa sem cura, pelo que o objetivo do tratamento é retardar a progressão dos sintomas, melhorar a qualidade de vida do paciente e apoiar os cuidadores. O tratamento é personalizado, mas as principais estratégias terapêuticas incluem:

1. Medicação
Existem medicamentos disponíveis para tratar sintomas específicos de demência, que melhoram temporariamente a função cognitiva e atrasam a evolução da doença. O médico também poderá prescrever medicamentos para ajudar a controlar sintomas comportamentais e psicológicos, como ansiedade, depressão e agitação.

2. Reabilitação cognitiva
A reabilitação cognitiva é uma parte importante do tratamento de algumas formas de demência. Envolve a utilização de técnicas e exercícios específicos para estimular a função cognitiva e ajudar a pessoa a lidar com as dificuldades causadas pela demência. São exemplo os exercícios que ajudam a reter informações, melhoram a capacidade de atenção e concentração e estimulam o raciocínio e resolução de problemas. A reabilitação cognitiva é conduzida por profissionais especializados em terapia ocupacional, fonoaudiologia ou neuropsicologia.

3. Terapia ocupacional
A terapia ocupacional é uma parte essencial de uma abordagem multidisciplinar no tratamento e no cuidado de pessoas com demência. O terapeuta ocupacional ajuda o paciente a manter a independência em atividades de autocuidado, como vestir-se, tomar banho, comer e realizar tarefas domésticas. Ajuda, ainda, a otimizar as competências funcionais para a gestão diária, como a toma de medicamentos, uso de dispositivos de assistência e realização de atividades de lazer. Pode também recomendar adaptações ao ambiente físico para o tornar mais seguro e acessível à pessoa com demência.

4. Terapia da fala
A terapia da fala desempenha um papel importante no tratamento e gestão de dificuldades de comunicação e deglutição, que podem surgir com a demência. O terapeuta da fala ajuda a desenvolver estratégias para compensar o défice de linguagem, como o uso de sistemas alternativos de comunicação. É fundamental para melhorar a coordenação muscular e a segurança da deglutição, nos casos em que a demência afeta a capacidade de engolir.

Como prevenir ou evitar a demência?

Embora não seja possível prevenir totalmente a demência, existem algumas estratégias que podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver esta doença ou de retardar a sua progressão. Algumas medidas que contribuem para a saúde cerebral incluem:

1. Exercício regular
Manter uma rotina de atividade física regular pode melhorar a saúde cardiovascular e cerebral. Entre os principais benefícios, destacam-se a melhoria da circulação sanguínea, aumento do volume cerebral e reforço da neuroplasticidade. A atividade física pode incluir caminhadas, natação, dança ou outras atividades aeróbicas.

2. Alimentação saudável
Uma alimentação saudável promove a saúde cerebral. Opte pelo consumo de frutas, vegetais, cereais integrais, peixes ricos em ómega-3 (como salmão e sardinha), nozes e alimentos ricos em antioxidantes, como mirtilos e espinafre. Por outro lado, reduza o consumo de alimentos processados, gorduras saturadas e açúcares. O tabagismo e o consumo de álcool são fortemente desaconselhados.

3. Cuidados médicos regulares
Realizar consultas médicas regulares, verificar a saúde geral e seguir as orientações médicas são importantes para a deteção precoce de problemas de saúde e para o tratamento de condições médicas que possam contribuir para a demência. Além disso, gerir doenças como hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto é fundamental para proteger a saúde cerebral.

4. Estimulação mental
Estimular a mente com atividades intelectuais pode ajudar a manter a função cognitiva. Isto porque pessoas com maiores reservas cognitivas apresentam maior resistência ao declínio cognitivo relacionado com a demência. A estimulação mental pode aumentar essas reservas, mantendo o cérebro flexível e adaptável e tornando-o mais resiliente aos efeitos da doença. Alguns exemplos incluem leitura, palavras cruzadas, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, aulas de música, dança, arte e aprender novas línguas e outras competências.

5. Participação social
As atividades sociais desempenham, também, um papel importante na prevenção da demência e na promoção da saúde cerebral. O envolvimento em interações sociais positivas e significativas estimula várias áreas do cérebro e promove a cognição, além de fornecer apoio emocional e reduzir a sensação de solidão. Por isso, é importante fazer parte de grupos sociais, clubes ou organizações, fazer voluntariado, participar em eventos e encontros com amigos e familiares ou praticar atividades em grupo, como exercícios ou danças.

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