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Temas de Saúde

Esclerose Mútipla: Tudo o que precisa de saber sobre a patologia

Maria do Socorro Piñeiro (Neurologista) . 03/12/2015

A Esclerose Múltipla é a doença inflamatória mais comum do Sistema Nervoso Central (SNC) e a segunda causa de incapacidade neurológica em adultos jovens. Inicialmente descrita em 1868 continua a ser uma doença de causa desconhecida, na qual o sistema imunitário lesa a mielina das fibras nervosas (axônios), interferindo com a transmissão dos impulsos nervosos.

É uma doença crónica que surge em idades precoces da vida e com um curso clinico variável de pessoa para pessoa. Durante os surtos (ataques) existe uma inflamação/desmielinização da mielina dos axônios que provocam diversos sintomas, dos que se pode recuperar total ou parcialmente.


SUBTIPOS 


  • Sindrome Clinico Isolado (SCI): um único episódio com sintomas neurológicos.

  • Esclerose Múltipla Surto-Remissão (ou Remitente Recorrente-EMRR): surtos que duram poucos dias ou semanas, seguidos de períodos de remissão. Recuperação parcial ou total dos mesmos. É a forma mais comum.

  • Esclerose Múltipla Secundária Progressiva: Forma surto-remissão que começa a progredir, sem períodos de remissão. Em geral após 20 anos de doença mas varia de pessoa para pessoa.

  • Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP): aumento contínuo da incapacidade sem surtos.


sistema nervoso


SINTOMAS


De uma forma geral, a doença manifesta-se em surtos, definidos como sintomas ou sinais neurológicos de novo, com duração mínima de 24 horas, na ausência de febre e infecção, com um intervalo entre os surtos de 30 dias.


Os sintomas e sinais mais frequentes são:


  • Nervos cranianos: neurite óptica, oftalmoparesia

  • Funções motoras: monoparesia, hemiparesia, paraparesia

  • Funções sensitivas: parestesias, disestesias

  • Funções cognitivas: lentificação do processamento da informação, alteração da memória

  • Funções cerebelosas: ataxia, tremor

Os pacientes recuperam total ou parcialmente durante os surtos. Após alguns anos, cerca de metade dos doentes evolui para uma forma progressiva que provoca um grau crescente de incapacidade.



DIAGNÓSTICO


Os sintomas podem ser pouco perceptíveis, o que em muitas ocasiões faz com que não se procure assistência médica urgente. Outras doenças do Sistema Nervoso Central provocam sintomas semelhantes aos da Esclerose Múltipla, o que dificulta o diagnóstico, não sendo feito de imediato e apesar dos exames complementares realizados.


O diagnóstico será feito pelo médico neurologista, baseado numa história sugestiva onde os sintomas aparecem disseminados no tempo e no espaço (diferentes localizações no SNC), acompanhado de um exame neurológico detalhado e os exames complementares que se considerarem necessários (Ressonância Magnética, estudo de líquido cefalorraquidiano, potenciais evocados).


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TRATAMENTO


Nos últimos anos temos assitido a grandes avanços terapêuticos, em parte pela descoberta de tratamentos modificadores da evolução natural da doença (inmunomoduladores). São tratamentos que, embora não curem a doença, conseguem diminuir a actividade inflamatória e os surtos a longo prazo por ajudar a equilibrar o sistema imunitário, bloqueando o ataque contra a mielina. Isto atrasa a progressão da doença e reduz a incapacidade acumulada ao longo da vida da pessoa.

Os medicamentos utilizados na Esclerose Múltipla devem ser indicados pelo médico neurologista, uma vez que variam de pessoa para pessoa e segundo o momento evolutivo da doença.

Tanto a neuroreabilitação, como o tratamento sintomático, são importantes para reduzir sintomas associados a doença (depressão, ansiedade, espasticidade, incontinência, entre outros).

Como tratamento das recidivas agudas utilizam-se altas doses de corticosteróide intravenoso, como metilprednisolona por 3 a 5 dias.

Entre a terapêutica inmunomoduladora destacam-se fármacos em primeira e segunda linha, apresentada na seguinte tabela. 


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PROGNÓSTICO


Não se pode prever a evolução da Esclerose Múltipla para cada caso individual, mas parece que o grau de incapacidade alcançado ao fim de 5 ou 10 anos dê uma previsão fiável da evolução futura da doença. No entanto, existem muitas variáveis a ter em conta (idade de início, sexo, forma de presentação, entre outras) que marcarão a diferença.

Recordemos que o tratamento da EM tem progredido nos últimos anos, com a aparição de fármacos modificadores da evolução natural da doença. A esclerose múltipla é um campo em constante investigação clinica na que  existe um grande número de ensaios clinicos em curso o que permite ter a esperança de novas terapeúticas mais eficaces num futuro próximo.


Viver com a patologia implica uma adaptação, do doente, familiares e amigos. Sabia mais aqui


A Joaquim Chaves Saúde conta com uma equipa de profissionais dedicados à área da Neurologia


FONTES

McAlpine's Multiple Sclerosis, Fourth Edition

http://www.spem.pt/: Site da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla

http://www.anem.org.pt/  Site da Associação nacional De esclerose Múltipla


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